quarta-feira, 1 de abril de 2009

A Psicologia do Desenvolvimento e a Educação ao Longo da Vida

O ser humano quando nasce é portador de material genético, nas suas células, o qual possui as características “herdadas” dos seus progenitores. Dessas características genéticas reconhecem-se as que são comuns a todos os seres humanos, a hereditariedade específica, e as que proporcionam a cada ser humano determinadas características que o tornam único, a hereditariedade individual.

Ao longo de anos efectuaram-se várias observações e comparações entre o desenvolvimento dos seres humanos e animais de outras espécies. De algumas destas observações concluiu-se que os seres humanos apresentam um desenvolvimento mais lento nos primeiros anos de vida, no entanto têm uma capacidade de aprendizagem muito maior, ou seja nascem programados para aprender.

                Assim sendo, será a genética, a hereditariedade individual, a única responsável pelo facto de cada indivíduo se apresentar com uma identidade própria?

O meio onde cada um nasce, e vive, é também fundamental para o seu desenvolvimento físico e psicológico. O ser humano é a interacção do seu potencial hereditário com o meio e com o tempo (Sprinthall e Sprinthall, 2007).

De que forma actua o meio no desenvolvimento humano?

Uma das formas é através da educação. Quer se trate de educação formal ou de educação informal. A educação prende-se com o desenvolvimento das capacidades psíquicas, intelectuais e éticas do ser humano. O indivíduo aprende informalmente, essencialmente por observação e imitação, através do contacto com as pessoas mais próximas, nomeadamente a família, durante os primeiros anos de vida. Mas a educação também pode ser promovida formalmente em determinadas instituições educacionais.

O desenvolvimento do ser humano apresenta-se assim intimamente relacionado com a aprendizagem, ou seja, com o processo de educação a que cada um está sujeito, desde o seu nascimento até ao final da sua vida. A educação é condicionada pelo meio em que cada indivíduo se encontra inserido, desde o meio socioeconómico, o país e o continente. Existem vários sistemas educacionais diferentes em muitos países, logo o leque de aprendizagens oferecido também é diferente. Para além das diferenças nas formas de promover o ensino, nomeadamente disciplinas e áreas disciplinares, também a cultura de cada país influencia a educação dos indivíduos. A língua materna é um bom exemplo de como a cultura não se separa da educação, esta depende do país em que o indivíduo se encontra, e mesmo dentro do mesmo país existem diferenças culturais muito profundas que determinam as aprendizagens que os indivíduos realizam. Consideremos por exemplo o caso da Catalunha, região espanhola, onde as crianças aprendem como língua materna o catalão e só depois na escola aprendem o castelhano.

Cada um dos factores descritos actua sobre cada ser humano de forma diferente, pois o material genético transportado por cada um é diferente. O ser humano não se apresenta como um livro em branco pronto a ser escrito, mas sim com um conjunto específico de símbolos que podem ser combinados de variadíssimas formas.

Os educadores têm assim uma responsabilidade muito grande no desenvolvimento de cada um dos seres humanos que lhe são confiados. Cada um dos educandos apresenta-se com determinado potencial genético, físico e intelectual. O educador deve ser o mediador do seu relacionamento com o meio em que estão inseridos, de forma a desenvolver todas as vertentes do potencial apresentado pelo educando. Com esse objectivo o educador deve proporcionar ao educando os meios exploratórios necessários para que este efectue as aprendizagens fundamentais ao seu desenvolvimento. Torna-se então imprescindível que o educador tenha conhecimento do estádio de desenvolvimento em que cada indivíduo se encontra.

Assim sendo, o educador deverá ser conhecedor da psicologia do desenvolvimento, ciência que estuda o desenvolvimento humano, a qual tem apresentado seguidores de diferentes pontos de vista. Desde os cientistas que acreditavam que a hereditariedade era a única responsável pelo desenvolvimento do indivíduo, passando pelos comportamentalistas que afirmavam que o meio era determinante para esse desenvolvimento, até ao meio termo em que se baseiam as observações actuais: o ser humano é fruto da interacção do material genético, com que nasce, com o meio onde se desenvolve, sem esquecer a quantidade e a qualidade desses momentos de envolvimento com o meio.

A educação é o caminho de abertura do ser humano para o mundo. Através dos diferentes processos de educação proporciona-se ao indivíduo todo um leque de opções de exploração do mundo, começando pelo meio que o circunda, e levando-o até onde o seu material genético o permitir.

 

 

 

 

Bibliografia

SÁ, Eduardo, A VIDA NÃO SE APRENDE NOS LIVROS, Cruz Quebrada, Oficina do Livro, 2007

SPRINTHALL, Norman, SPRINTHALL, Richard, PSICOLOGIA EDUCACIONAL, Lisboa, McGraw Hill, 2007

 

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