domingo, 17 de maio de 2009

 

FICHA DE LEITURA

Autor da Ficha:

 Delmira Maria Nascimento Silva Lucas

Número de estudante: 801871

Data: 10/05/09

Turma: 3

 

 

Autor do artigo: Maria Luísa Fonseca Grácio

 

Título do artigo: Representação social da criança em educadores de infância e professores do 1º Ciclo do Ensino Básico portugueses

 

Citação: GRACIO, Maria Luísa Fonseca. Representação Social da Criança em educadores de infância e professores do 1º Ciclo do Ensino Básico Português. Aná. Psicológica, jun. 1998, vol.16,nº2,p.285-300. ISSN 0870-8231

Introdução: O estudo exploratório apresentado neste artigo teve como base de pesquisa a teoria das representações sociais. Tendo como objectivo obter a representação social da criança. De acordo com Abric (1994) é a relação entre o sujeito e o objecto que determina este último. Assim a “realidade objectiva” é substituída pela apropriação da realidade que cada indivíduo, ou grupo, realiza tendo por suporte a sua história cultural.

Metodologia: Os vários sistemas educativos são construídos relativamente às diferentes concepções de criança. Sendo os agentes educativos os Educadores de Infância e os Professores do 1º Ciclo do Ensino Básico, o presente estudo foi recolhido a uma amostra de dez elementos de cada, todos do sexo feminino, exercendo a sua actividade profissional em Évora, com idades compreendidas entre os 21 e 60 anos cujos tempos de serviço e situam entre os 6 e 30 anos. Foram utilizadas duas técnicas: entrevista semi-directiva e associação livre de palavras.

Resultados e discussão: Verificou-se que na representação da criança em geral não se encontram diferenças significativas entre Educadores e Professores, excepto no que diz respeito à análise das subcategorias; os professores dão mais importância aos temas “Atributos simbólicos”, “Objectos do universo infantil” e “A criança como projecto de futuro adulto”, enquanto os educadores referem a importância do tema “Necessidades”.

Ambos os grupos manifestam, relativamente à informação e atitude da representação da criança (Moscovici, 1961), uma representação positiva. Definindo a criança simbolicamente, como um ser em desenvolvimento, com características positivas e algumas contraditórias. Como um ser com necessidades básicas, afectivas e educativas, mas afirmando a sua singularidade a qual deverá ser base orientadora de uma educação diferenciada. Referem ainda, ambos os grupos, que as regras de relacionamento são mais importantes do que as de comportamento, no entanto afirmam que o não cumprimento de regras de comportamento está na origem de maior número de punições.

Os objectivos dos educadores e dos professores são a estruturação da personalidade da criança e a sua integração social, apresentando os primeiros uma relação mais individualizada, valorizando a criança, enquanto os professores parecem ver na criança um ser que essencialmente imita os adultos, dando mais ênfase às regras e à intervenção do adulto.

Quanto à representação da criança em idade pré-escolar, a criança é referida como um ser que necessita de afecto e amor, assim como de estabelecimento de relações interpessoais. Ambos os grupos apresentam um aumento de avaliações neutras ou negativas, relativamente à criança em geral. Os educadores revelam um maior envolvimento emocional, referindo que os pais devem intensificar o seu acompanhamento nesta fase, e dando relevância aos aspectos do desenvolvimento, dando mais importância ao tema “ Traços psicológicos ligados a atitudes e comportamentos”. Os professores, por sua vez, valorizam as necessidades básicas da criança, dando mais importância às questões comportamentais. Os educadores apresentam mais conhecimentos sobre a criança nesta fase, pois a informação é fundamental para a representação., e a fase pré-escolar pertence ao Jardim de Infância. A criança é representada como um símbolo positivo.

As necessidades educativas da criança em idade escolar são mais valorizadas do que na representação da criança em geral. Os educadores dão mais importância às necessidades pedagógicas e ao tema “ Traços psicológicos ligados a atitudes e comportamentos”, e os professores às necessidades relacionais e aos aspectos cognitivos, assim como ao tema “Objectos do universo infantil”. A criança passa de um estado de maior liberdade para um estado de maior concentração e obediência. Assim as questões comportamentais tornam-se mais importantes. Os educadores assumem-se como intervenientes, de forma individualizada, nos aspectos de desenvolvimento, enquanto os professores intervêm mais a nível do comportamento.

No geral a criança é apresentada como um ser que depende da presença do adulto, apresentando um estatuto de futuro adulto, concebida como um ser incompleto, que deverá seguir um modelo de educação uniforme, sem que as suas particularidades sejam valorizadas.

Comentários pessoais: O ser humano está em permanente desenvolvimento, desde que nasce até que deixa de existir. Desta forma a criança é um ser que se encontra em pleno desenvolvimento, quer físico quer mental.

Actualmente a maioria das crianças passa grande parte dos dias entregue a uma instituição, creche, jardim-de-infância ou escola. Assim sendo é imperativo que os agentes educativos que fazem parte dessas instituições tenham conhecimentos sobre a criança.

 Em conclusão, no artigo citado, a autora refere que a criança é representada como uma criança-norma socializada, ou seja espera-se que siga determinadas instruções de construção de personalidade, de forma a obter certas qualidades que se traduzirão em atitudes, valores e comportamentos considerados os correctos.

Sendo a criança, de acordo com Piaget (1962), um ser que participa activamente na construção do seu conhecimento da realidade, será mais pertinente partir das singularidades de cada criança para proceder a essa construção.

No período pré-escolar o desenvolvimento da criança é rápido, pelo que uma orientação durante esta fase é importante, no entanto orientar não é impor. Permitir à criança que adquira competências, através da brincadeira e dos jogos de faz-de-conta, é permitir que se desenvolva de acordo com as suas necessidades. Os educadores de infância têm um papel muito importante, pois é nesta fase que se desenvolve o pensamento simbólico, e para que este se desenvolva em harmonia é necessário partir da experiência individual da criança, seguir atentamente os ritmos de aprendizagem de cada uma. De acordo com Vigotsky (1978) a motivação por parte dos pais e outros adultos, como os educadores, torna-se fundamental para a realização das aprendizagens.

A fase escolar pode considerar-se como uma fase de feliz desenvolvimento, durante estes anos a criança desenvolve-se bastante a todos os níveis, adquire vários conhecimentos e capacidades físicas que lhe atribuem muita autonomia. O seu pensamento adquire agora outra dimensão, torna-se menos egocêntrico e desenvolvem-se capacidades de raciocínio. Erikson refere que nesta fase a criança vive uma crise, provocada pelo balanço constante entre a produção de aprendizagens efectuadas e pelo sentimento negativo de inferioridade quando não as consegue atingir. A integração social é agora mais consciente. Os professores têm um papel fundamental em todos os aspectos referidos, como orientadores sempre presentes na sua educação, não para uniformizar os indivíduos, mas para promover as suas capacidades individuais. A consciência da criança com o seu potencial individual é muito importante para que a sua educação possa acontecer de forma harmoniosa em cada etapa da sua vida.

Bibliografia

TAVARES, J: e outros (2007). Manual de Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem. Porto: Porto Editora.